quinta-feira, novembro 29

Amigos na hora h

Era noite. Quinta à noite para ser mais precisa. Após algumas horas de viagem e um belo jantar que a tua mãe  nos preparou, mete-mo-nos no carro, de regresso a casa, pensava eu, mas não. Fui sem destino, fomos, por ai. Tem tu sabias bem onde iriamos parar, penso eu. Precisava de falar. Nem sei como é que percebeste isso tão bem. Afinal o teu melhor amigo é ele, não eu...
Perdi-me no caminho. A minha cabeça estava a latejar de me lembrar dos dias maus que me passavam lentamente à frente dos olhos, como fotografias antigas que se tinham transformado em cortes que sentia agora na pele, um por um, como se tivesse a viver tudo de novo. Sentiste-o. Havia um nó na garganta que não me deixava soletrar bem as frases que queria entoar de forma clara, certeira e aparentemente forte. Fazia força para as lágrimas não escorrerem a fio pela cara.. enquanto o conta quilómetros aumentava, noite a dentro, pelos caminhos percorridos durante um verão inteiro de dores e alegrias. Fez-se silêncio. Lentamente uma por uma, cairam.. as que não consegui conter. «Tem calma».
Por entre a mágoa, a raiva fugia-me por entre palavras que não sentia mas que precisava de dizer em tom de descarga emocional. «Tem calma». Havia silêncio e no silêncio ele interrompia-nos em mensagens múltiplas que me chagavam ao telemóvel «Onde estás?». Estava a caminho... e não sabe os caminhos que percorremos por sua causa.
«Vamos até tua casa. Ou melhor.. vamos beber um copo. Sempre que precisares estou aqui»

Sem dúvida que era tudo o que precisava naquele momento.
Obrigada 


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