quarta-feira, novembro 14

Falta de diálogo

De alguma maneira começa. 
Por nenhuma razão em especial. Por um olhar. Toque. Afinidade. Parecença. Por estar à mão. Por não haver nada mais que fazer. Por empurrão de alguém. Por um clique. Porque sim. Por interesse. Por coincidência. Por amor. Por cores a mais no dicionário da amizade. Porque diz que sim e eu não quero dizer que não de imediato e as coisas acontecem. E vão acontecendo. Porque há magia entre duas pessoas. Porque se procura a felicidade em alguém. Para esquecer a tristeza que alguém nos provocou. Porque a noite está mais bonita que nunca e a manhã decidiu entregar-nos de mão beijada alguém para nos amar o resto da vida. Enfim, por mil e uma razões saberemos sempre precisar o inicio de uma relação, especialmente se a partir desse momento nos alimentarem os dias, as noites, os minutos, todos os pedacinhos da nossa vida. 
As coisas evoluem. Nos tempos de hoje muito mais rápido do que imaginamos. Quando damos por ela estamos entregues ás borboletas do estômago, à rotina e ao desamor. Nessa altura ninguém se vai lembrar do momento em que tudo começou a dar para o torto,culparão sempre o outro e poucas pessoas irão pensar em solucionar o problema e querer rebaixar-se pelo que sentem por alguém. Porque a moda é mostrar quem é que sai mais vitorioso da relação e pisgar-mo-nos o mais rapidamente possível para a próxima. Eu sei. Já não há mulheres que rastejem por alguém, nem homens que amem alguém mais do que o seu próprio ego. Porque uma coisa somos nós, e outra são os outros, com quem temos umas alegrias durante uns tempos e pronto. Dai a taxa de divórcios actualmente em Portugal.
Como os tempos mudam...
Quando um casal está mal e se pede um conselho a alguém (essa é outra, pedir conselhos a alguém sobre o nosso mal? estejam quietos!), um amigo, a primeira coisa que irá dizer é "parte para outra, ele/ela não te merece.." ou " O que não falta é pessoas por aí para te fazer feliz". Caramba! Se essa pessoa nos conseguiu fazer feliz uns tempos, porque é que não nos há-de conseguir continuar a fazer, se nada de extremamente mau tiver acontecido? Eu (acho que) sei. Por falta de diálogo.
O que acontece muitas vezes é que as pessoas chateiam-se umas com as outras, por razões que muitas vezes não tem fundamento, mas que por falta de diálogo, continuarão a fazer todo o sentido na nossa cabeça. Não iremos dar o braço a torcer, porque não iremos querer explicar o que pensamos e sentimos e é mesmo aí que começa tudo a dar para o torto, só porque não se engoliu um sapo e se disse o que havia a dizer.

Eu sei. Dar o braço a torcer é difícil  pesa-nos no orgulho. Mas antes isso que deixar o que  nos faz feliz ir, para sempre. Ou não?

(Algumas pessoas, dizem que não.)



2 comentários:

  1. Adoro Patrícia..

    http://igual-a-ti.blogspot.pt/

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  2. Querida, penso que não seja só falta de diálogo... é falta de taaanta coisa!!

    Falta de Amor, principalmente. Amor como palavra, amor como sentimento, amor como vida, amor como regra, como imperativo.

    Falta de conseguir fazer falta, de sentir falta.
    E talvez 'falta', não seja o melhor termo. Há um 'vazio' por preencher. Se desde cedo esse
    'vazio' não é preenchido, é difícil a concretização do mesmo, por conta própria. Realizar dentro de uma mente de um ser humano, que o amor é o Amor, sem que este nunca o tenha recebido, ou pouco, desde que vive, fica com um buraco negro, que suga toda a energia e nenhuma, por nunca ter recebido a verdadeira.
    Não sei se me faço entender...

    Hoje em dia, dizer 'amo-te' a uma pessoa é quase como que dizer 'gosto de gelado'. Talvez seja a minha persona romântica a falar, mas acho que o sentimento, ou pelo menos o verdadeiro, já se perdeu há muito. Já não há quem queira perder-se por amores, já não há quem tenha 'pachorra', nem tempo para isso, é mais prático usar um calendário social e organizá-lo conjuntamente e ter dias marcados para sexo. Já ninguém se dá ao trabalho de realmente conhecer a outra pessoa. Gosto de acreditar que também não seja bem assim, como acho que é. Gosto de acreditar que ainda haja dedicação e amor puro entre as pessoas.

    Falta o querer, falta persistência. Mas não, amarrotar e pôr no caixote do lixo dá menos trabalho. Desembrulhar outro e ver se gosto, dá menos trabalho. E assim com esta sequênica de acontecimentos, tudo vai desvanecendo e o sentimento, fica como a última coisa mais relevante.

    Resta-nos continuar a acreditar e a fazer com que o Amor não se dissipe de vez!

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