quinta-feira, novembro 8

Onde me encontro e me perco



Não repetiria este verão. Mas apesar disso tenho saudades dele. Para ser sincera, das partes boas dele, que foram poucas, mas que valeram pelo resto. Tenho saudades do murmurar do mar na janela do meu quarto todas as noites.. quase que parecia estar deitada mesmo ali, na areia, onde as ondas rebentam, e os mosquitos me mordem. De acordar com o calor do meio dia a aquecer as portadas de madeira, e a raiar o sol por entre as brechas da velhice das mesmas. De pôr o rádio a tocar aos altos berros, porque não tenho vizinhos para além das lebres que correm pela falésia e os pássaros que cantam no telhado baixinho, enquanto o almoço prepara. Andar sem roupa. Deitar-me na relva a ler um livro, sem horas nem minutos, sem ninguém para me chatear. De não me preocupar se o telemóvel tem ou não bateria. De não ligar o computador dias a fio e não saber sequer o que se passa para além das minhas quatro paredes, porque nem a televisao me faz falta. Sinto falta das férias e da melhor casa que me acolhe, que é a minha, onde me encontro e me perco, todas as vezes que lá vou.  
Um dia destes alguém me disse «Está-se bem aqui (...) há uma coisa que se sente aqui.. » um bom feeling, queria ele dizer, digo eu. Sentimos o mesmo, creio. 
Aquela barreira entre a vida e a liberdade? É aqui que eu a ultrapasso. 
Aqui somos só nós, a sós.

Ao som de http://www.youtube.com/watch?v=h8tuTSi6Sck

Sem comentários:

Enviar um comentário