quarta-feira, novembro 7

Querido Pai nº2,

Queria escrever algo que me saísse tão bem quanto o bem que tu me fazes. Mas como todos sabem, quando queremos escrever algo que descreva mesmo o que sentimos perante alguém há um travar de língua, um enrolar de palavras que nos fica a dar voltas na goela e acabam por nunca sair como deviam, ou pelo menos com o peso que lhe gostaríamos de dar. Foi por isso que ontem não te vim escrever. Porque na verdade, o que sentimos deve apenas viver nas nossas veias e transparecer pelos nossos olhos; atitudes valem sempre mais que palavras. Eu tenho a certeza que se te tivesse por perto, como gostaria de ter todas as pessoas de quem realmente gosto, tudo isto seria descrito com um grande abraço, mas há falta de melhor cá estou eu. 

Era só para te dizer que apesar de o meu dia ter corrido pessimamente, houve uma estrelinha no canto a dar-lhe uma luz diferente, porque afinal de contas só algumas pessoas se podem vangloriar de conhecerem um homem sem defeitos e eu sinto-me uma sortuda por te ter ao meu lado.
Prometo que quando voltar vamos almoçar fora - bacalhau com natas para mim e à casa para ti, como sempre, claro - e  quem sabe se não serei eu a conduzir a tua máquina voadora que me levou a passear tantos domingos, quando não via sequer a estrada por cima do tablie e tu me falavas dos pinhais que de geração em geração foram passando. 

Afinal de contas, o que quero dizer é que te amo. E que Deus te deixe ficar por cá muito tempo a iluminar os meus dias, porque de estrelas como tu está o meu céu bem negro. 

Um beijo, 
"A tua neta chata e rabugenta"





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