sexta-feira, janeiro 10

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Outro dia pus-me a pensar no amor. Outro dia, que podia ter sido há uma hora atrás. Uma romântica assumida nunca se consegue libertar muito bem deste síndroma. Andamos sempre com ele de mãos dadas para todo o lado. Usufruímos dele a toda a hora. Os olhos de uma pessoa assim vêem sempre além do que estão a ver, sentem sempre mais além do que querem sentir. Momentos são mais do que isso. E "mais do que isso" chega a dar-nos muitas dores de cabeça. Mas muitas alegrias também. 
O amor não é só drama. O amor nem devia ser drama nenhum. Amor por si só é amor e pronto. Sem mais nada a acrescentar. O resto é o resto.. e isso já são misturas de amor com outras coisas.

Pensava. Pensava como o amor existe em duas dimensões distintas. 
O amor efectivo e o quase amor, que não deixa de o ser. Distinguem-se pela presença física. O amor efectivo está dentro de um abraço fechado, de um edredon enrolado ou de um segredo dito com a boca noutra boca qualquer; nas mãos encruzilhadas, no perfume, no toque, no olhar. O quase amor, está na ausência disto tudo, está em pensamento, está no que ficou por fazer, no que se sonha fazer ainda; está na saudade, no desejo, no silêncio do quarto e da noite, numa música ou numa imagem qualquer. Tão simples quanto isto. Apesar disso, creio que há tanto amor numa coisa como noutra. Afinal de contas, que amor é realmente amor se não o é na presença e na ausência?

Pensava nisto porque pensar em ti e no quanto gostava que estivesses comigo quando deito a cabeça na almofada, é uma boa definição de quase amor, não achas? (...)


Patrícia Luz
10 de Janeiro de 2014





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