domingo, janeiro 5

Hi! 2014

Chuviscava. 
Pensava para mim como aquelas gotas caídas do céu me pareciam lavar a alma. Muitas gargalhadas se despediam dos últimos minutos do ano envoltas em garrafas de espumante por abrir e beijos por dar. Por entre a multidão, descodificava as caras que faziam sentido permanecer na minha vida e deixava passar outras que ainda dela não faziam parte; por ora, algumas já dela tinham saído. Nunca dei grande importância a estas festividades. Escolher o sitio para passar o ano quase sempre foi um arrasto e não uma iniciativa. Apesar disso, não me tirem o mar nem o fogo de artificio. Pouco mais importa. Existe alguma coisa sagrada na junção de ambas as coisas neste que é, talvez, o momento celebrado por o maior número de pessoas em todo o mundo. Há algo de tão nostálgico que me abarca naqueles dez segundos de contagem decrescente para o explodir do primeiro foguete que nem eu própria sei explicar. Seguem-se os abraços, os beijos, os gritos e as felicitações entre amigos. Um minuto, nos dez ou vinte que se seguem, a sós. Preciso sempre deles para mim. Quase sempre lavada em lágrimas, que como a chuva, sempre me lavaram a alma. Pela primeira vez este ano, fugi à regra. Talvez por achar que nunca transitei de ano com a alma tão leve.

O som estonteante dos foguetes murmuram-me no fundo os dissabores, as mágoas e os momentos explosivos daquele que foi um ano marcado pela mudança em todos os aspectos. Pelos olhos consomem-me as luzes multicolores trazendo-me cada uma delas fotografias instantâneas à memória, como quem desfolha um álbum em segundos. Em tom avermelhado, daqueles que foram os foguetes mais bonitos, veio o verão, a parte boa do verão. As noites quentes com amigos, as cervejas depois do trabalho, as tardes soalheiras na piscina ou na praia, os pôr de sol e os banhos de lua. O surf, a música, o cheiro a areia molhada. A saudade. Em tons de azul, as paixões que não passaram disso mesmo. Os arrepios no estômago, as borboletas no ar. As conversas do politicamente correcto e os abraços de quem não tem nada a perder. Espaços mortos que nos fazem aprender a viver. A verde, a esperança; os objectivos, as metas por cumprir, um livro aberto, o que realmente nos faz respirar de peito cheio e sangue nas veias. O que obviamente transitará dentro de nós: o futuro. E por fim os morteiros, agressivos, que representam tudo o que morreu ali, fazendo parte para sempre da nossa vida e da história que temos para contar, mas guardado num baú a que chamamos ano dois mil e treze e ao qual podemos voltar para nos lembrarmos o que rimos, o que chorámos, mas sobretudo o que aprendemos. 

Dez minutos. Dez minutos de olhos translúcidos postos no céu e ouvidos selados; braços caídos ao longo de um corpo que não está de todo ali. 

À minha volta um novo ano começa.
Os namorados beijam-se sofregamente como se não houvesse amanhã. As famílias protegem-se. Simultaneamente, as rolhas do espumante ouvem-se como tiros de pressão pelo ar a um ritmo alucinante. Comem-se as passas e pedem-se desejos. Novos amores nascem no entusiasmo dos copos ingeridos em excesso, muitos terminam pela mesma razão. Outros apenas se despedem. Os amigos abraçam-se. E muitas desculpas se pedem. O dinheiro é insignificante. Fotografam-se todos estes momentos sem dar por ela. Conectam-se todos os telefones apenas às pessoas mais importantes da nossa vida naquele momento. Vive-se Intensamente!

No fundo, se o ano inteiro se converte-se naqueles dez minutos, talvez tudo soubesse realmente a vida.



Que dois mil e catorze seja memorável!
Que a mudança nunca me falte, 
que o amor seja realmente amor, 
que desculpas não fiquem por pedir, 
que a sinceridade abunde,
que a amizade cresça,
que não falte emprego,
que a crise de valores a que se assiste mude de rumo,
que o sexo tenha um bocadinho mais de amor, 
que a vida seja feita de coisas insignificantes com muito significado. 

O meu obrigada aos que perdem um bocadinho dos seus dias a vir aqui. A esses os meus votos sinceros de saúde, amor e sorte neste ano que agora começa! ****





1 comentário:

  1. e que seja um ano de muitos posts neste cantinho :D
    sabe bem vir aqui e econtrar posts por ler, oh se sabe!
    I.

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