Vou escrever para duas pessoas
que não conheço.
Vou escrever para duas pessoas
que não conheço na esperança de nunca conhecer pessoas iguais; e na esperança
de nunca me vir a tornar numa delas, porque a vida dá voltas e nós nunca
sabemos o que o futuro nos reserva – apesar de isso não ser desculpa para a
falta de valores e bom senso, para a falta de educação, para a falta de
humanidade. Porque apesar de eu acreditar que o destino nos reserva muita
coisa, há coisas que ainda somos nós que lhe ensinamos.
Vou escrever para duas pessoas
que não conheço com o coração nas mãos. Com o coração na boca e nos dedos. Com
o coração em todo o lado porque foi assim que o senti quando as conheci sem as
conhecer. Vou-vos escrever com o coração a saltar-me no peito de dor, de raiva,
de tristeza, de tudo e sei lá mais o quê. Vou-vos escrever com as lágrimas nos
olhos, como as que me escorreram à pouco pela cara enquanto entrava no meu
carro rendida à impotência de não poder roubar aos país aquele menino de palmo
e meio que vi segurar a mão de dois adultos que discutem sem olhar a quem.
Vou-vos escrever com mágoa. Com mágoa do amor morto. Do amor podre. Do amor que não é amor. Vou-vos escrever em nome do divórcio e das famílias sem nome digno que minam a nossa sociedade. Vou-vos escrever… Vou-vos escrever …
Vou-vos escrever com mágoa. Com mágoa do amor morto. Do amor podre. Do amor que não é amor. Vou-vos escrever em nome do divórcio e das famílias sem nome digno que minam a nossa sociedade. Vou-vos escrever… Vou-vos escrever …
Vou-vos escrever a impotência de
um menino de palmo e meio, que vê os pais levantarem a mão um ao outro em plena
rua, desavergonhados perante a luz de um shopping que ainda se encontra aberto,
em nome do adultério, em nome das “outras”, em nome de tudo menos do pequeno.
Vou-vos escrever com a vontade de o abraçar, de lhe tapar os olhos e os ouvidos
e de lhe garantir que foi só um pesadelo.
Mas não foi.
(Antes fosse)
Escrevi-vos na esperança de nunca
vos conhecer iguais. A vocês que me lêem.
Também eu já tive palmo e meio. E
ninguém me abraçou.
Patrícia Luz
18 de Julho de 2014
Não passei por isso, mas gostava de ter lá estado para te dar um abraço e dizer que no fim tudo ia ficar bem. ;) <3
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