segunda-feira, setembro 8

Acerca do Festival F …

Lá naquele cantinho de pedra redondinho visto do céu, que beija a ria formosa a sul e conta mil e uma histórias em cada parede, teve lugar o I Festival F -escrever isto assim quase que me faz sentir orgulhosa; espero que haja muitas edições, para um dia poder dizer como “os grandes”: “ora, o festival F, aos anos que existe… ainda me lembro do dia em que escrevi sobre a primeira edição”(risos).

A vila adentro é dos lugares mais bonitos da cidade. Sei disso de há treze anos para cá quando lá fui pela primeira vez e me apaixonei. Nessa altura ainda os pais levavam as crianças aos museus – foi por esse motivo que lá fomos, lembraste mãe? – e as guitarras deixavam fugir uns acordes das tasquinhas perdidas nas travessas.

Sempre me fez uma certa confusão o silêncio daquele espaço nos últimos anos, o branco das casas sem sombras reflectidas de pessoas a passar de mãos dadas e a escrever histórias de amor pela calçada; as laranjeiras a sós com o azul do céu a contemplar os aviões que por ali passam, uns atrás dos outros. Os barcos que atracam vezes sem conta ali perto, sem que ninguém se dê ao luxo de pedir licença para entrar.  

Além disto, as únicas recordações que tinha deste espaço eram as capas pretas ao ombro dos estudantes; uns nostálgicos por estarem a deixar a casa que os acolheu durante alguns anos, outros orgulhosos por poderem entrar na família que é Faro. Sempre ao som das guitarras.

Agora não. Agora posso dizer que me lembro das cores do arco íris a fazer de pára-quedas do céu, das ruelas cheias de gente como não há memória. Da língua portuguesa a ecoar em todas as paredes e a música a encher aquele espaço de vida, histórias, amizade, amor, arte e cultura.

Queria por isso agradecer a quem teve esta ideia. Mas sobretudo ao idiota que pôs tudo isto em acção. Faro precisa cada vez mais de idiotas em acção.



Porque valeu a pena!

Patrícia Luz
8 de Setembro 



Nota. Artistas portugueses a cantar no seu próprio país façam o favor de falar com o público em português. Não sei, acho que ficava bem...

Nota 2. Sobre Capicua: A arte em português na voz de uma mulher. Top do inicio ao fim, passando pelas ilustrações e acabando nos cantos à capela!

Nota 3. Miguel Araújo, nem te digo a sorte que tiveste em actuar no palco Quintalão. O espaço deu outra magia à coisa; sem esquecer da voz da Luísa Sobral!

Nota 4. Tiago Bettencourt, um concerto menos rockeiro tinha ecoado melhor nas paredes na vila. Mas continuo a gostar muuuuito de te ouvir.


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