sexta-feira, setembro 19

Petiscando a Vida


... ao som de Deolinda.

"O que fazer a uma quarta-feira à noite?" - É uma pergunta pouco frequente.
Reservamos quase sempre as noites para a loucura do barulho e dos copos para sextas, sábados ou folgas esquecendo-nos de viver durante cinco dias da semana só porque trabalhamos das nove às dezoito e não nos lembramos que a lua também nasce nesses dias na esperança que troquemos o sofá por qualquer outro programa que nos faça viver melhor. (Ou viver, simplesmente. Que o sofá, na minha opinião, tira é anos de vida às pessoas.)


Foi assim que fiquei a conhecer a «Rota do Petisco».

O Rui ligou-me – e vá, eu confesso que estava morta e deitada no sofá, com os dois olhos fechados e a contentar-me com o silêncio das quatro paredes da sala quando o telefone tocou – contou-me como funcionava, desafiou-me e pronto, lá fui eu. Como sempre.

Escolhemos a zona de Ferragudo para fazer o nosso roteiro. Sim, Ferragudo. Aquela vila que beija o rio Arade e que faz inveja à cidade de Portimão, sabem?; aquela vila caiada a branco, com riscas às cores e chaminés tipicamente Algarvias daquelas que não existem nos prédios construídos sem rei nem lei do lado de lá. Uma terra pequenina mas com características que me agradam em muito. 

Chegados, comprámos o nosso Guia do Roteiro num dos restaurantes aderentes. Aliás, bebemos menos dois cafés cada um e ajudámos varias associações de solidariedade da zona, para as quais esse euro simbólico reverteu - prefiro pensar assim. E quando as coisas me começam a agradar de inicio já é meio caminho andado! 

Analisadas as casas nele existentes escolhemos a nossa ementa em cada uma delas e lá fomos! 

Primeiro, segundo, terceiro... quarto! Barriguinha cheia! E que bons! 
Por apenas dois euros e meio, em cada um deles, conseguimos provar uma massinha de peixe que estava óptima no restaurante "Toc Toc", um hambúrguer delicioso de Camarão no restaurante "Duplex" servido pela Snhr. Ana que se mostrou muito simpática, uma tostinha saborosa no "Hortinha" e, ainda, uma saladinha de polvo na "Taberna 39" que, meus amigos, foi a cereja em cima do bolo não fosse eu uma apaixonada por tabernas bem à moda portuguesa, cheias de histórias e tradições como as que o senhor Paulo acabou por nos contar!





Sem dúvida que se tivesse ficado em casa tinha sido feliz na mesma - não tanto -, mas parecendo que não são estas pequenas coisas, estes pequenos caminhos que não nos levam sempre aos mesmos lugares, todos os dias; os sabores, os cheiros, as pessoas e o conhecimento de causa que nos agarram à vida e nos fazem pensar que para cada dia mau existe um melhor à nossa espera.

Isto não é um post sobre uma experiência. É um post sobre a vida que não é vivida por falta de vontade. 

Patrícia Luz
19 de Setembro de 2014




2 comentários:

  1. Boa noite Patrícia!
    Não consegui ficar indiferente e tenho que lhe felicitar pelo artigo.Muitos parabéns!!!
    Como membro integrante da "taberna 39" é com muito agrado que lei-o o que escreveu,foi exactamente com esse objectivo que o projecto "taberna 39" foi abraçado e reestruturado.É através do espaço e dos sabores que nós queremos dar a conhecer as nossas raízes, a nossa cultura,e aquilo que nos motiva.
    Um grande bem haja a pessoa que é,as portas de nossa casa estarão sempre abertas para lhe receber.
    Muito obrigado!

    Paulo Carrasco

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    1. Muito Obrigada Paulo pelo seu feedback :)
      É com muito agrado que o visitarei em breve!

      Bem haja e nunca deixe morrer a tradição. É pela Portugalidade que escrevo a troco de nada. Porque o que é nosso e é bom, deve ser vangloriado primeiro por nos, depois pelo mundo!


      Patrícia Luz

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