segunda-feira, setembro 8

Sobre nudez



«És uma miúda esperta e agora mostras que afinal és mulher e tens um rabo», como se uma coisa tivesse alguma coisa a ver com a outra; como se não tivéssemos todos o mesmo, salvo seja. Foi assim a última vez que engoli os sapos e fiz correr tinta sobre o tema numa das janelinhas do meu chat com um dos fotógrafos que colecciona rabos como a minha mãe pacotes de açúcar. E não, não pensem que a analogia foi propositada. (Quase todos os dias ela guarda um diferente.)


A sociedade em que vivemos faz-me rir. Se num dia somos muito evoluídos e estamos a deixar os estereótipos para trás das costas, noutro temos todas as bocas do mundo unidas para criticar este e aquele pelo que faz ou deixa de fazer na tentativa de ir contra aquilo que é aparentemente normal.


É assente nisto que me decidi a escrever. Há duas coisas que as pessoas precisam distinguir: arte e ordinarice. E apesar de não parecer à primeira vista, estas são duas palavras que quase podiam dar as mãos, mas nunca o fazem. E é mesmo aí, entre essas duas linhas paralelas que eu amo a nudez. No limiar do (in)aceitável.


Que se lixem os preconceitos, os estereótipos e o raio que os parta. Sou muito liberal quanto à opinião dos outros. É a opinião dos outros. Apenas. Só a do meu pai conta como se fosse a minha também. Não fosse ele o melhor dos meus melhores amigos, mesmo quando eu acho que não.
A maldade destas coisas está nos olhos de quem as vê.
Percebi isso no dia em que publiquei uma foto onde me vejo como sou: em casa, de bikini e pé descalço, com o sol a bater-me na cara e o mar ao fundo a reflectir-se nos meus olhos a um sábado de manhã, em que cinquenta por cento das pessoas, no mínimo, apenas conseguiu ver um rabo.
As mulheres são peritas nisto. Não, não é a falar mal da nudez. É a invejar a nudez das outras. Há uma certa segurança transmitida na nudez que incomoda muita gente. Especialmente quem não se sente bem consigo próprio.  
 Os homens não. São mais peremptórios. Eles permitem a nudez porque gostam. Mas dizem que não fica bem porque nem todo o mundo precisava ver aquilo que eles gostavam de ver a sós. 
Mentalizem-se que as pessoas são aquilo que carregam dentro de si.  
E isso, meus amigos, não se vê a olho nu.  
Patrícia Luz
8 de Setembro 2014
Ao som de Capicua.

E já agora, deixo-vos este exemplo disso!



Obrigada momi pelas fotos



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