Há uns meses atrás, quando o sol ainda era quente e as tardes duradouras, muitas delas perdidas entre a imperial que morria no copo e os banhos de sol que chegaram a ser de lua, com amigos que fizemos em horas, porque o ambiente assim o quis, como o verão assim o quer, lembro-me de me dizeres que o que mais te tinha apaixonado em mim - mesmo que, provavelmente nunca te tenhas apaixonado, na verdade - foi ter dito, enquanto me entretia a encaracolar o cabelo queimado do sol nos dedos, que fazia tudo o que queria muito fazer. Ia onde queria muito ir.. independentemente de quem quisesse vir comigo, enquanto o sabor a água salgada me dava sede de ti.
Não me lembro de o dizer. Mas lembro-me de ti como ninguém nessa tarde.
Lembrei-me de ti no dia 31 de Dezembro. E deixei-te do lado de lá.. no sitio das coisas boas sem retorno que nos acontecem na vida.
Lembrei-me de ti quando embarquei para o Porto com meia hora de sono da noite anterior. Lembrei-me de ti quando às quatro da manhã decidi que ia ser louca o suficiente para deixar os meus amigos de sempre e embarcar na aventura de ir sozinha passar o ano com alguém que podia simplesmente ser isso, alguém (não o é!). Lembrei-me de ti, não por seres tu, mas por me lembrar de ser eu de todas as vezes que quero ser. Por ir onde quero muito ir. Fazer o que quero muito fazer. Independentemente de quem queira vir comigo. Como me disseste naquela outra tarde de Outubro, quando nos sentámos junto ao mar - como não poderia ser de outra forma - e falámos por horas.
Lembrei-me de ti não por seres tu.
Lembrei-me de mim por ser efectivamente eu.
Que nunca me falte a loucura de viver sem planos.
Patrícia Luz
6 de Janeiro de 2015
ao som de Ben Harper
Coimbra / Porto / Gaia
Gaja até me fazes chorar páh!!!!
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