terça-feira, março 24

Dez para as nove.




Eram seis quando acordei. O ship automático já quase não precisa de despertador. 
A claridade da janela anuncia as horas. Durmo com ela aberta para ser mais fácil.
O corpo todos os dias me pede um pouco mais de cama. Mais um minuto que seja. 
Fecho os olhos. Consigo dormir mais num minuto do que numa noite inteira. Sabe-me pela vida. 

Sou aquela anormal que põe o despertador para tocar três minutos depois, com medo de adormecer até ser hora de almoço. Aquela que se enrola no edredon sem ver uma frexa de luz e sussura em modo de negação o ter que escolher o que vestir, o que comer, o que calçar, o penteado ou o batom. 

Sou aquela que se senta na cama a olhar para o vazio, enrolada na toalha de banho, a pensar em nada, a ver os minutos a passar, a ficar atrasada, ... e ainda assim a optar por esquecer tudo isso e limitar-me a escolher uma música qualquer para começar a manhã.

Sou aquela que acorda para a vida num sobressalto, com a música a tocar, os minutos já passados, a roupa já vestida, o batom já posto, a mala já arrumada, a chave já metida no carro, os bons dias à mãe dados à pressa, o estômago a dar horas, o deposito do carro vazio e a bomba cheia de gente.  

Dez para as nove. 
Se chegar atrasada a culpa não foi minha.


Patrícia Luz
24 de Março de 2015

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1 comentário:

  1. Gostei! "Se chegar atrasada a culpa não foi minha" Ahaha
    O que interessa é escolher a música certa para o dia correr bem. E que o trabalho árduo compenso os 5 mins de atraso.

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