sábado, setembro 29

Um brinde à amizade

Saí tarde das aulas. Estava exausta. Na noite anterior poucas tinham sido as horas de sono e alguns os copos a mais ingeridos pelas loucuras da vida e pelos desgostos da alma. O dia começara cedo e estava em vias de nunca mais acabar. Tinha sono. As pálpebras pareciam pesar toneladas e a voz ao fundo de um professor empenhado quase que me embalava e convidava a visitar outro mundo. 
Os meus colegas percebem-me: passavam pelo mesmo.
Ligam-me. «Queres ir ao café?», com o rato que tinha na barriga naquele momento a única coisa em que conseguia realmente pensar era num hambúrguer, agora num café... «Vou buscar-te, até já!».
Realmente, os melhores amigos nunca nos questionam nestas alturas. 
Há séculos que não nos víamos. Mil e uma coisas se passaram desde a última vez que estivemos juntos, que talvez tenha sido à dois meses e meio e parece ter sido ontem, como todas as vezes em que estamos juntos. 
Desabafei as minhas tretas. Dir-me-ias que era a minha vida, e que com todos os problemas não deixava de o ser. Hoje, depois de pensar em todas as tuas sinceras palavras, de agarrar nas mágoas e encosta-las à box  penso que tudo o resto comparado com nosso serão: são tretas, porque se o não fossem nunca me lamberias as lágrimas, me dizias para nunca mais voltar ao passado e que de melhor que tudo isto está o mundo cheio, pronto para transformar as minhas tretas em coisas reais e boas, que certamente me farão sorrir mais e lamentar menos.
Seguir em frente talvez seja a única solução.

Sem comentários:

Enviar um comentário