- Estás aqui.
Dizia ele enquanto estendia a palma da mão e a
apontava com o dedo indicador.
Foi mesmo aí que percebi que estou onde quero. Mas
nunca na mão de alguém.
Por muito que eu quisesse que apontasses para o
lado esquerdo do peito e dissesses que eu estava ai. Onde não estou.
Nunca na mão.
Se há coisa que o tempo me ensinou foi a voar.
Mesmo que sem destino. Mesmo que sem norte à terra. Mesmo quando quero muito
ficar.
Às vezes é só preciso ir. Depois vê-se.
Há tantas mãos à nossa espera. De se fecharem.
Porque haveria de ficar eu na tua, aberta e
insegura?
Tenho fobia de metades. Um dia li que «ou a casa
incendeia ou ela joga água na chama e te manda embora” e foi mesmo aqui que
parei para te dizer que o meu amor-próprio é tão grande que não cabe na tua
mão. Por isso vai.
Gostar de ti nunca foi sinónimo de me teres. Porque
gostar de ti não é o fim do mundo. Era uma coisa boa. É. Apenas isso. Mas se
não é boa a dobrar, dói. E o que dói nunca está certo.
Depois de saber que estava na tua mão, ganhei
pernas e fugi.
E agora? Onde me tens?
Patrícia Luz
21 de Agosto de 2014
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