Foto: Filipa Marques (www.behance.net/philipa-marques)
(Três simples palavras que te vão
por a tremer, de medo ou de felicidade)
Antes de me fechar no meu pequeno
mundo, envolvida nas minhas leituras habituais de fim de noite acompanhada de
uma música qualquer que me faça viajar sem sair do acolchoado tapete do meu
quarto, local onde gosto de abraçar as palavras dos outros, a meia luz, com
aquele aroma a baunilha no ar, decidi escrever-te. Podia não o fazer. Que no
fundo era o que devia ter feito: nem sequer ter começado; mas agora que aqui
estou, cá vai disto.
Gosto de ti.
Parece estúpido dizê-lo, quanto
mais senti-lo. Também pensei o mesmo quando o murmurei para mim mesma. Como
pode alguém em tão curto espaço de tempo arrebatar o coração de alguém desta
forma? Preferia não saber sentir, já que explicar é quase impossível. É caso
para dizer que.. acontece! A empatia entre as pessoas não se escolhe. Não
existe um relógio por aí à deriva a decretar a hora certa para gostar de
alguém. Andamos aí aos encontrões uns com outros e olha.. ás vezes gostamos.
Acontece gostarmos, como poderíamos odiar. Afinal de contas a relação entre as
pessoas é assim, um enigma: nunca ninguém sabe se resultará ou não; se durará
dois dias ou a vida inteira. E é por isso que se eu antes acreditava que o fim
de uma relação merecia o seu devido luto, hoje acredito que para cada luto
haverá sempre uma primavera à nossa espera. E às vezes ainda o Verão vai a
meio, mas tarde ou cedo, ela chega.
Desde o primeiro dia que gosto de
ti. E desde o primeiro dia que não quero gostar de ti. Controverso, mas
sincero. Os amores da minha vida, que o serão para sempre - e aqui a palavra
sempre ninguém pode julgar, porque se há coisa que não volta para trás é o
tempo passado-, fizeram com que me protegesse de tudo o que gosto. Porque
normalmente são essas coisas que nos provocam danos maiores, que não nos matam
mas moem, dia após dia, muitos dias, às vezes. E quem melhor que tu para
entender isso, digo eu.
Já ninguém quer carregar peso tão
grande, como aquele que acarretam tão simples três palavras. E eu não to pedia.
Eu entendo-te melhor que ninguém, penso eu. Mas a verdade é que já ninguém quer
gostar de ninguém sem ter a certeza que vai ser correspondido, já ninguém quer
saber se alguém gosta de si pelo simples facto de correr o risco de não gostar assim
tanto dessa pessoa como, achamos, que ela gosta de nós. Por não ser a altura
certa (há altura certa para gostar de alguém?).
Saber que alguém gosta de nós
pode tornar-se numa "bomba-relógio"; pois para correr o risco de
termos que ter uma conversa esclarecedora quanto aos sentimentos, mais vale
estar quieto. Desistir de tudo. Responder com um silêncio absurdo, desolador.
Fazer-se desentendido(a). Ou na pior das hipóteses, deixar de gostar um bocado
dessa pessoa com medo que o sentimento seja mútuo. Sim, porque isto acontece
mesmo. Nunca ninguém gostou de melo-dramatismos. As pessoas resolvem-se assim
no século vinte e um. E aquilo que podia resultar num "eu também" ou
"eu também, mas não da mesma forma" ou apenas num "de que forma?",
morre muitas vezes no silêncio do medo de saber a verdade sobre o que três
simples palavras querem dizer; com medo de consequências maiores, com medo de
ter de pontapear um "eu não gosto de ti assim". Com medo de fazer
alguém desistir antes de tempo de algo que no fundo, nós até gostamos um
bocadinho também.
No fundo isto é a prova de como
toda agente foge com medo da sinceridade, da honestidade para com alguém e
consigo próprio, muitas das vezes.
Chama-se a isto ser correcto?
Isto é a essência humana a querer
desentender-se. Quem seria eu para mudar isso. Agora percebo porque é que há
tanta falta de amor entre as pessoas. Já ninguém pode gritar aos céus o quanto
gosta de alguém, senão na melhor das hipóteses terá que fazer as malas e fugir
atrás dela para o outro lado do mundo. E de avião, porque com a rapidez a que
as pessoas querem fugir de um gosto e ti, a pé não se safam.
Desculpa se três palavras tão
pequenas te assustam. A ti e a metade do planeta terra.
Mas isto é mesmo verdade.
Patrícia Luz
26 de Novembro de 2013
Só ponho um gosto porque não dá para pôr mais. Coisa linda
ResponderEliminarMuito bom Patrícia! :))*
ResponderEliminarestá lindo!!!
ResponderEliminarTudo o que escreveste é tão real e verdadeiro..Gostei muiito :))
ResponderEliminarTudo o que escreveste é tão real e verdadeiro.. Gostei muito :))
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarcomo concordo contigo, aquele medo aterrador de soltar um "gosto de ti" e o receio da respostas deixam muitas vezes essas três palavras no fundo do baú, nós mesmos as pomos lá quando a coragem não tem pernas para andar, tanta página que fica em branco pelo medo de exprimir ou escrever essas três palavras.. todos guardamos um diário dessas folhas em branco connosco, no entanto só de nós depende a história da próxima página, se vai ser escrita com letras invisíveis ou cores do mundo!
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