quarta-feira, maio 29

Histórias

Devia ter-te esquecido. Arrancado de uma vez por todas da minha vida, espezinhado como fizeste comigo, errado de propósito para sentires na pele a dor de amar alguém. Devia privar-te de me veres, de saberes de mim, para saberes o verdadeiro significado da palavra saudade ao olhares o meu número de telefone e pensares o quão bom seria ouvir a minha voz ou receber uma mensagem minha, como aconteceu comigo durante tempos e tempos. Devia ter-te esquecido, como  os fortes fazem quando querem por termino àquilo que não resultou mais. Sim, durante uns tempos pensei que isso me tinha acontecido, mas enganei-me, como todas as pessoas que se auto enganam ao pensar que esquecem aquele que foi o seu amor para a vida. E não é que não acredite que vá existir melhor, até porque não me posso queixar, mas dizem que o primeiro é o tal, e eu acredito bem por tudo o que me fazes ainda hoje sentir. Não faz sentido a maneira como apareces na minha vida de tempos a tempos em recortes fotográficos que a minha memória faz questão de não esquecer. Como daquela vez em que me penteavas o cabelo ao espelho, ou da outra em que nem saboreei aquele pastel de Belém às direitas...
 Não há saudades. Não há amor. Não sinto a tua falta. Não há fantasmas a assombrar-me o espírito como houve durante tanto tempo. Há uma coisa que tende a levar-me até ti a que desisti de dar nome por nem merecer que eu pense em tal coisa. Mas que ainda vai dar um bom livro, lá isso vai. Nesse dia, agradeço-te a história e o argumento. Porque aí sim, vou depositar todo o meu amor por ti, todas as frustrações e sentimentos de quase-ódio e raiva que te tive; e por fim esta coisa, a que não se dá nome, mas que todos vão entender nas entrelinhas destas minhas palavras que escrevo, como sempre, em modo de rescaldo.

E sim, este é mesmo para ti.



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