terça-feira, abril 23

Se não estás feliz, MUDA!

  


Fotografia: Sofia Ramos (instagram @sophiebranches)


Nós tentamos sempre esconder os dias menos bons, os dias em que não apetece sorrir, os dias em que a nossa vida vai mal. Ensinou-nos o tempo que o devemos fazer só para garantir que nada piora.

Escondemo-nos de quem nos quer bem, para que não nos vejam mal. Garantimos estar tudo bem, para evitar juízos de valor – muitos deles com consequências gravozas. Fugimos dos problemas na tentativa que eles fujam de nós.  E por vezes, engolimo-nos numa bolha de energias negativas que em tudo contribuem para que nada melhore.

Eu quero falar-vos disto, para vos dizer que nem sempre esse é o melhor caminho, mas para vos garantir também que nem sempre é o pior. E que, independentemente do que se passe agora, vai ficar tudo bem.

O meu nome é Patrícia e estudei Gestão. Até hoje eu não sei o que mais amo fazer, de entre uma série de coisas que me preenchem a alma nesta vida e que eu sei que sei fazer bem. É..! Há pessoas que fazem várias coisas e bem feitas. E sim, nem toda a gente nasceu com um carimbo que as destina a ser médicas, advogadas, artistas ou engenheiras. Porque elas podem ser o que elas quiserem.

E eu licenciei-me em Gestão exatamente por esse motivo: para ser o que eu quiser.

Comecei a trabalhar antes de acabar os estudos. Trabalhei em sitios que nunca imaginei. Trabalhei em mais do que um sitio em simultâneo. Mas nunca tinha feito algo que não me preenchesse a alma.

E é sobre isso que vos quero falar hoje. Não por mim, mas por vocês.

Ponderei fazê-lo durante vários meses. Hoje tenho a certeza que o posso fazer .Mais não seja para vos garantir que fica mesmo tudo bem. 

Quando somos lançados no mundo do trabalho não somos ninguém, a não ser alguém ambicioso o suficiente para nos querermos tornar na Ana que é boa profissional , no José que é um bom veterinário ou na Maria que é reconhecida como uma excelente advogada. Sem esquecer a Inês que é uma artista plástica sem igual, na Sofia que é a atriz da berra ou a Joana que ganhou prémios com a melhor fotografia do ano. 

É exatamente assim que começamos. Degrau a degrau, a subir a escada sem corrimão da vida profissional. Escorregando aqui, voando ali, saltando uns degraus a mais, caindo uns quantos para aprender a subi-los melhor, sempre com o objetivo de alcançar os nossos sonhos. Não estranhem se passarem de bestial a besta, num ápice. Mas tenham a força de nunca desistir de serem vocês mesmos.

 Não sei se fui feita para ser uma sonhadora de vários sonhos, ou se sou apenas uma pessoa sem norte. Creio ser a primeira. Mas como já me rotularam de várias formas, deixo aqui aberta a via das dúvidas.

Licenciei-me em gestão porque queria ser o que eu quisesse. O que eu ainda não tinha percebido, é que isto também dava para ser coisas que não me preenchem a alma. E foi assim que, há cerca de um ano e meio atrás, aceitei um desafio profissional que tudo tinha a ver com o que estudei, que eu quis experimentar e de que, verdade seja dita, até gostava em parte, mas que .... não me fazia feliz.

Um tiro no pé. 
Uma jovem em ascensão profissional num local onde adora trabalhar, com colegas profissionais, um ambiente positivo, que aceita um desafio que até lhe está a correr bem, especialmente aos olhos dos outros ..... mas que não a faz feliz.  

E agora? – perguntei-me eu e perguntam vocês.

E agora só tens duas opções: ou continuas infeliz ou te enches de coragem e bates com o punho na mesa e mudas o rumo.

Parece fácil! 

Parece fácil para quem não trabalha numa empresa onde adora trabalhar, com pessoas com quem gosta de trabalhar, com um ambiente de trabalho positivo e com uma profissão que tinha tudo para dar certo, mas que .... lamentavelmente não nos faz feliz! Repito. Repito para que percebam o peso de não se ser feliz. 

Logo eu, que desde que me lembro nunca me faltou vontade de ir trabalhar. 
Acontecia que ao Domingo depois de almoço, já estava em stress por a seguir ser segunda-feira. Saia do trabalho com um misto de emoções contantemente; orgulhosa do que realizei, mas de lágrimas nos olhos por não o fazer de alma e coração. Eu, que gosto de conhecer pessoas novas, ser criativa, .... estava fechada num escritório nove horas, com dois monitores replectos de números à minha frente, sem tão pouco saber se era dia ou noite lá fora. 

Não era eu. E era exatamente por isso que não era feliz.

O que eu vos quero dizer, é que em cada caminho que escolhemos, há 50% de hipóteses de não dar certo.  E não há problema nenhum nisso. 
Somos completamente livres de errar no caminho, com a única condição de nunca desistirmos daquilo em que acreditamos, sem antes tentarmos com unhas e dentes. Se der errado, uma coisa é certa: sabes que aquele caminho não voltas a percorrer. 
O que, convinhamos, é uma vitória; Mais do que saber o que queremos, é tão bom saber o que não queremos. 

Mentaliza-te apenas que, se fores sem certezas, terás de ir vestido(a) com um colete de coragem.

Coragem para, se no fim tudo der errado, te ergueres e construires um novo começo. 
Verás como os dias maus serviram para valorizares o melhor que a vida te vai dar a seguir.

Pois, como o meu pai me disse uma vez, “Se estiveres em cima de uma pedra e vires que vais cair, não te preocupes com a queda, senão cairás mesmo. Preocupa-te em encontrar uma nova pedra, para saltar e continuar o caminho”.

Eu consegui. 
Tu também consegues. 

Se não estás feliz, MUDA!

Patrícia Luz
23 de Abril 2019

2 comentários:

  1. O teu texto fez-me ficar com lágrimas nos olhos.
    Percebo exatamente o que queres dizer porque estou exatamente nessa situação. Não digo que o que tirei como licenciatura e que estou a terminar o mestrado não me preenchesse, pelo contrário, preenchia-me mas fui para um mundo de consultoria porque, digamos, o meu curso dava portas para muitas coisas.
    Nunca tive certezas daquilo que queria ser, mas à medida que o tempo vai passando sei aquilo que não quero fazer, aquilo que não me faz feliz. É super assustador sair de um sítio para tentar ser feliz noutro - mesmo a receber pouco ou quase nenhum dinheiro.

    Eu sinto-me assim porque eu dei o chamado "leap of faith": saí da empresa onde estava e ganhava relativamente bem para neste momento conseguir acabar a tese e procurar outras vias para me sentir feliz.

    Tudo no teu texto bateu certo como que estou a sentir. Às vezes sinto que estou nisto sozinha, que é um erro mas depois apercebo-me que há mais pessoas na mesma situação que eu. Mas cotinua a ser assutador. Mas é como dizes: ou continuas infeliz ou te enches de coragem (...). E foi o que acabei por fazer.

    Obrigada querida, obrigada por isto.

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    1. Olá MAriana,
      Foi assim que me senti. De forma a não alongar demasiado o texto, não descrevi muita da angústia por que passei sozinha durante meses. A indecisão de, por um lado, quer abandonar tudo e começar de novo , por outro, haver um diabo constantemente na minha cabeça a questionar-me sobre se tinha certezas disso. A minha mãe inclusivé, disse-me durante meses "não faças isso, é um trabalho novo, é normal... vais ver que é uma questão de tempo".
      Não! Não é uma questão de tempo.
      Porque quando uma pessoa está infeliz essa infelicidade só tem tendência para aumentar.
      Incentivo todas as pessoas a serem corajosas.
      O dinheiro é importante (especialmente para quem se auto sustenta sem quaisquer ajudas) e numa primeira fase, dá medo. Mas a coragem, mais tarde ou mais cedo vai fazer-nos voar.... e olhar para trás com o orgulho de termos feito o nosso caminho.

      Beijinho grande e força nessa jornada,
      Patrícia Luz

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